domingo, 5 de abril de 2009

Crise, Responsabilidade Social, Consumo.

(Fonte:Slate Magazine)

A sociedade está assistindo às empresas despejando muitos funcionários na rua. A crise trouxe consigo condições e cenários funestos e uma das terríveis consequências parece ser a tão temida onda de demissão.
No entanto, sabemos que demitir nem sempre é a principal e inerente fonte para cortar gastos e procurar um caminho para voltar a respirar. Muitas empresas com pensamentos muito mais elaborados e bem estabelecidos conseguem achar o caminho das pedras utilizando alternativas cujo impacto social é nulo ou muito, muito pequeno.
Será que todas as empresas que demitem excercem, posteriormente, seu papel fundamental de responder socialmente pelas consequências desse ato ? A sociedade atual é tão plenamente interligada que a demissão repercute de forma intensa, rápida e agressivamente negativa, influenciando setores da Economia e contribuindo para que o sonho da re-estabilização torne-se invariavelmente mais distante!

A responsabilidade social de uma empresa deve também emergir em momentos de crise. Aliás, de uma forma muito mais estratégica do que em momentos de "vacas gordas". A decisão por demitir deve ser precedida de uma longa e complexa cadeia de pensamentos e análise que tomem por base todas as características da empresa e um auto-conhecimento muito bem definido para obter a maturidade suficiente de dizer: "sim, aqui eu posso mexer para ajustar essa situação". Muitas empresas me pareceram optar pela demissão direta por decidir pelo comodismo e pela indiferença social. É claro que não generalizo de forma alguma as coisas que publico neste Blog. Entendo que existem casos e mais casos e é sempre cabível milhões de análises.

Como tratar, então, as questões da crise com Ética ? Eu já apostei que esse atual cenário ecônomico será uma grande escola para aprender em estudos de casos, o que a Ética realmente significa nesse mundo loucamente conturbado e onde a maioria das pessoas pensa que o nosso planeta Terra é movido essencialmente por dinheiro e pelo interesse em crescer ilimitadamente (significando pisar nos outros!).

Será que ainda não ficou claro que a sociedade hiperconsumista não é sustentável ?

Gostaria de fechar essa postagem com uma frase do grande estudioso Karl Marx para elucidar uma importante característica do eticista: a capacidade de antever!


"Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar bens caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até que se torne insuportável. O débito não pago levará os bancos à falência, que terão que ser nacionalizados pelo Estado."

Karl Marx, Das Kapital, 1867.

3 comentários:

  1. belo texto e bela provocação!
    mto bom.

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  2. valeu pelo comentário lá no blog!

    realmente, quando falei do maniqueísmo já tinha em mente a complexidade da conversa.
    gosto do assunto relacionado a ética, mas do ponto de vista mais filosófico, não sei deireito como vc trabalha a questão.

    enfim, a questão de maniqueísmo, creio que de certo modo, é constituinte da ética, já que para um discurso ético são necessários um lado mau e outro bom, entre outras muitas coisas...

    quando perguntei se realmente o mundo é maniqueísta, estava, entre outras coisas, fazendo uma provocação para uma discussão sobre a possibilidade de existência de um discurso de ética fora desse contexto...

    a discussão é longa, eu sei.... mas eu também espero muitas boas conversas! hahahaha

    abraços

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  3. Fala Vi!!
    Cara pra começar, mais uma vez, parabenizo você por esse site. Já falei uma vez e volto a repetir, esse site não me surpreende, pois vindo de você só poderia ser algo incrível.

    Cara como esses textos que você escreve mexe um pouco com a gente, quer dizer, não posso generalizar, mexe com meu jeito de pensar.

    Pra finalizar queria dizer que fiquei impressionado como Marx conseguiu, há tantos anos, prever exatamente o que aconteceu. E como nada foi feito para se previnir tal momento. Agora sofremos e sofreremos com as consequências dessa crise anunciada né?

    Abraço

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