sexta-feira, 15 de maio de 2009

O Círculo Vicioso

BELFAST, Northern Ireland—A boy prepares to take on the British army with a homemade lance, 1981.


Semana passada comemoramos o Dia das Mães. Como muitos países no mundo, reservamos um dia no calendário brasileiro para dedicar àquelas mulheres que, de diversas formas, lutaram para formar aquilo que somos hoje. Com histórias diferentes, acontecimentos diferentes, ideias diferentes. Confesso que fiquei surpreso quando descobri, hoje, que temos esse dia por conta de uma assinatura de Getúlio Vargas em 1932. Interessante!

Eu cruzei essa reflexão sobre o Dia das Mães com algo que vem me incomodando filosoficamente há algum tempo: "o círculo vicioso". Como gosto de fazer, um pouco de semântica do nosso Aurélio.

"Vício:

1.Defeito grave que torna uma pessoa ou coisa inadequadas para certos fins ou funções.
2.
Inclinação para o mal
3.
Costume de proceder mal; desregramento habitual."


Cabe, agora, uma explicação. Por quê falar em círculo vicioso? É o que eu vejo em nós, na grande maioria de nós, ao agir em relação ao outro. E, somente em relação ao outro, temos a Ética.

Vejo, em nosso cotidiano, como as pessoas são altamente motivadas a agir baseadas em algo que "me tenham feito" sem, muitas vezes, ao menos questionar as premissas mais básicas de tal comportamento.

O menino da foto, provavelmente motivado por adultos, está agindo sem ao menos saber o que aquilo que segura em sua mão significa realmente.

Como estamos passando o nosso conhecimento e os nossos valores para os outros? Somos responsáveis diretos pela replicação de catástrofes e raciocínios incoerentes e incosistentes que destroem muitas vidas?

Muitos exemplos históricos mostram a real tragédia que esse círculo vicioso instaura: o eterno conflito Israel-Palestina nos mostra como as crianças são ensinadas, desde cedo, a segurar pedras e arremessá-las ao lado oposto, em sinal de ódio. Os comunistas da extinta União Soviética ensinavam preceitos socialistas carregados de violência e ódio ao "outro lado do mundo" para suas crianças e jovens. E, obviamente, temos o Nazismo hitleriano como uma verdadeira escola de como a retórica, a liderença e a propaganda podem instaurar um círculo vicioso potencialmente destruidor sem precedentes.

Por isso, retomo um post antigo, onde escrevo sobre a necessidade básica da nossa reflexão. É impossível ser capaz de mudar nossa própria condição e realidade sem empenhar esforços extremos em pensamentos profundamente reflexivos. Isso para que os círculos parem sua formação e não sejam mais os mecanismos que embasam toda a criação de ódio, rancor, injustiça e vingança em nosso planeta. Adiciono, agora, mais uma componente vetorial nessa reflexão: o pós-atitude. Como realmente gerimos o impacto das nossas atitudes NOS OUTROS?

Pare que o Caos não surja, parem o vício!