domingo, 26 de abril de 2009

Corrupção, a nossa normalidade!




A cada ano que se inicia, a novela da corrupção nas diversas esferas da política brasileira (e também mundial, claro!) parece ter um impulso novo dado pela grande audiência gerada e brilhantismo do diretor-criador.

Não quero tratar o fenômeno da corrupção do ponto vista psicológico e muito menos filosófico. Quero ser prático. Direto. O que mais me chama atenção em toda essa história é o tratamento que os brasileiros dispensam a essa questão e, terrivelmente, extrapola para todo o conceito e a noção de política. Trocando em miúdos: todo político é corrupto e quem entra no "mundo" da política só quer se dar bem na vida sem trabalhar - é NORMAL ser político corrupto. Cansei de ouvir isso em rodinhas de amigos, dentro da família, em locais públicos, em discursos inflamados. Esse estigma parece estar irreversivelmente estagnado dentro da mente brasileira (vou falar de nós pois desconheço como é ser cidadão de outra nação!).

Buscando um pouco de informação em fontes clássicas, me deparo com o Aurélio e uma (interessante) definição de política: "3.Arte de bem governar os povos". Hum ... esse "bem" fez toda a diferença e fez eu pensar dez vezes mais antes de escrever tudo isso. Como é governar bem ? E mais que isso ... o que é essa Arte que o Aurélio se refere ? Seriam todos os "políticos" também artistas ?

"O homem é um animal político" declarou nosso grande sábio Aristóteles na Grécia Antiga em algum momento entre
384 e 322 a.C ! Usamos política o tempo todo, respiramos política, mesmo não sabendo. O grande problema é acreditar na normalidade da corrupção.

Eu resolvi pegar o "atalho" da político para iniciarmos uma discussão muito relevante para um eticista: e a corrupção CORPORATIVA ? Onde e como ela entra em toda essa discussão e tornar-se parte integrante desses US$ 3 trilhões anuais que o mundo vê escorrer pelas mãos ?

E viva o Caos ...

domingo, 5 de abril de 2009

Crise, Responsabilidade Social, Consumo.

(Fonte:Slate Magazine)

A sociedade está assistindo às empresas despejando muitos funcionários na rua. A crise trouxe consigo condições e cenários funestos e uma das terríveis consequências parece ser a tão temida onda de demissão.
No entanto, sabemos que demitir nem sempre é a principal e inerente fonte para cortar gastos e procurar um caminho para voltar a respirar. Muitas empresas com pensamentos muito mais elaborados e bem estabelecidos conseguem achar o caminho das pedras utilizando alternativas cujo impacto social é nulo ou muito, muito pequeno.
Será que todas as empresas que demitem excercem, posteriormente, seu papel fundamental de responder socialmente pelas consequências desse ato ? A sociedade atual é tão plenamente interligada que a demissão repercute de forma intensa, rápida e agressivamente negativa, influenciando setores da Economia e contribuindo para que o sonho da re-estabilização torne-se invariavelmente mais distante!

A responsabilidade social de uma empresa deve também emergir em momentos de crise. Aliás, de uma forma muito mais estratégica do que em momentos de "vacas gordas". A decisão por demitir deve ser precedida de uma longa e complexa cadeia de pensamentos e análise que tomem por base todas as características da empresa e um auto-conhecimento muito bem definido para obter a maturidade suficiente de dizer: "sim, aqui eu posso mexer para ajustar essa situação". Muitas empresas me pareceram optar pela demissão direta por decidir pelo comodismo e pela indiferença social. É claro que não generalizo de forma alguma as coisas que publico neste Blog. Entendo que existem casos e mais casos e é sempre cabível milhões de análises.

Como tratar, então, as questões da crise com Ética ? Eu já apostei que esse atual cenário ecônomico será uma grande escola para aprender em estudos de casos, o que a Ética realmente significa nesse mundo loucamente conturbado e onde a maioria das pessoas pensa que o nosso planeta Terra é movido essencialmente por dinheiro e pelo interesse em crescer ilimitadamente (significando pisar nos outros!).

Será que ainda não ficou claro que a sociedade hiperconsumista não é sustentável ?

Gostaria de fechar essa postagem com uma frase do grande estudioso Karl Marx para elucidar uma importante característica do eticista: a capacidade de antever!


"Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar bens caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até que se torne insuportável. O débito não pago levará os bancos à falência, que terão que ser nacionalizados pelo Estado."

Karl Marx, Das Kapital, 1867.